Para a população geral, sugere-se que o consumo moderado de álcool (definido como a ingestão diária de até duas doses de álcool - para os homens) esteja associado a uma menor incidência de problemas cardíacos, efeito que não tinha, até então, sido descrito para sujeitos hipertensos.
Assim, com o propósito de investigar se o consumo de álcool está associado a um menor risco de acontecimento de falência cardíaca, entre indivíduos hipertensos, foram analisados os dados de 5.153 médicos americanos,participantes do estudo longitudinal “Physician’s Health Study”.
Esses sujeitos, diagnosticados como hipertensos e submetidos a tratamento específico (no passado ou presente), foram questionados sobre a freqüência de consumo de álcool, hábitos alimentares, histórico de hipercolesterolemia e diabetes, tabagismo, atividades físicas, além de informações gerais como idade, peso, altura e índice de massa corpórea (IMC).
Os participantes foram entrevistados a cada 6 meses por um período de 18 anos.
Nesse período foram identificados 478 novos casos de falência cardíaca. O consumo de álcool esteve associado, de forma dose-resposta, a um menor risco de incidência de falência cardíaca, independentemente do histórico anterior de infarto do miocárdio.
Essa associação intensificou-se após o controle de possíveis fatores de confusão, entre eles, hábitos alimentares e atividade física.
Assim, os autores sugerem que, entre médicos hipertensos, o consumo leve a moderado de álcool esteja associado a um menor risco de acontecimento de falência cardíaca.
Porém, por se tratar de uma amostra bastante específica, esses resultados não podem ser extrapolados à população geral, mas consistem em evidência indicativa dos possíveis efeitos cardioprotetores comumente associados ao uso leve-moderado de álcool.